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Moçambique: Operadores florestais denunciam corrupção

Bernardo Chicotimba
19 de julho de 2022

A província de Manica tem vindo a adotar medidas enérgicas com vista a prevenir e combater a corrupção endémica no setor florestal, mas os operadores apontam muitas dificuldades.

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Mosambik | Korruption in der Waldwirtschaft
Operadores florestais em reunião de concertação sobre a boa atuação dos fiscaisFoto: Bernardo Chicotimba/DW

Operadores florestais da província de Manica, em Moçambique, afirmam que há várias entidades envolvidas em atos de corrupção, que atuam no processo de exploração do abate, no carregamento e na venda de produtos madeireiros. 

Joaquim Álvaro, um dos operadores florestais em Manica, confessou à DW África ter grandes dificuldades em exercer a sua atividade por causa da corrupção, que não se limita à província de Manica, estendendo-se também a Sofala.

"São vários problemas, pois para fazer o processo de exportação existem muitos trâmites. Outras províncias, as entidades similares à de Manica, de forma sistemática, criam-nos entraves. Isso é algo que para nós não é atrativo", afirmou Joaquim Álvaro.

Trabalho de fiscalização 

Realizar um trabalho de fiscalização profundo pode resultar em graves problemas para os operadores florestais.

Mosambik | Korruption in der Waldwirtschaft
Jorge Pereira Tivane, procurador chefe provincial de Manica Foto: Bernardo Chicotimba/DW

"Nós fazemos as queixas nos setores e quando vamos fazer as denúncias, esses mesmos serviços em processos seguintes ainda complicam mais como forma de retaliação. Então, é melhor ficar calado para não sofrer represálias no futuro", explica Joaquim Álvaro.

O procurador chefe provincial de Manica, Jorge Pereira Tivane, insistiu na urgência de prevenir e combater a corrupção na exploração de recursos na província de Manica. O procurador detalhou os casos registados no ano passado.

"No geral, a procuradoria provincial de Manica, no ano passado, tramitou 169 processos dos quais 106 deram entrada no ano de 2021 e 63 transitados. E ainda 19 processos transitados para o ano 2022. Destes 76 com arguidos presos, indiciados na prática de corrupção ativa, e 14 sem arguidos detidos. Estes 14 correspondem a crimes de corrupção passiva para atos lícitos ou ilícitos", afirmou Jorge Pereira Tivane.

Mosambik | Korruption in der Waldwirtschaft
Edson Macuácua fala sobre a corrupção no setor florestal em Manica.Foto: Bernardo Chicotimba/DW

Medidas para combater a corrupção

O secretário de Estado em Manica, Edson Macuácua, apontou várias medidas que têm vindo a ser adotadas para combater a corrupção no setor florestal. Estas medidas incluem políticas públicas e legislação que resultaram em reformas, como a revisão da política nacional de florestas. Foi ainda introduzido um sistema de informação florestal (SIF) para ajudar a eliminar o abate indiscriminado de árvores e conter operadores não licenciados.

"Devemos unir-nos no combate à exploração desenfreada para promover uma exploração racional, sustentável, uma exploração que deve decorrer dentro dos parâmetros estabelecidos na lei, uma exploração que deve promover o desenvolvimento de cadeias de valores produtiva e criam oportunidade para negócio", apelou Edson Macuácua.

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