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Ossufo Momade "vai fazer tudo" para afastar Mondlane

Silaide Mutemba (Maputo)
15 de abril de 2024

Conselho Nacional da RENAMO definiu critérios que afastam Venâncio Mondlane da corrida à liderança do partido. Analistas têm dúvidas quanto ao futuro do político, criticado abertamente pelo presidente Ossufo Momade.

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Deputado da RENAMO, Venâncio Mondlane, e presidente do partido, Ossufo Momade
Foto: Roberto Paquete/DW // Amos Fernando/DW

O Conselho Nacional da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) definiu critérios que afastam Venâncio Mondlane da corrida à liderança do partido. Os membros do conselho definiram que é preciso ter 15 anos de militância ininterrupta para ser candidato, além de um histórico exemplar de disciplina.

A exigência levanta dúvidas sobre o futuro político de Mondlane, que se juntou ao partido apenas em 2018.

Durante a reunião do Conselho Nacional do maior partido da oposição, no domingo, o presidente da RENAMO criticou abertamente o comportamento de Mondlane, expressando preocupação com atitudes recentes do seu ex-assessor, consideradas desviantes.

"Membro do partido que se prese jamais vai exprimir as suas opiniões e preocupações nas redes sociais, nos órgãos de comunicação social e muito menos nos tribunais", afirmou Ossufo Momade.

Analistas políticos entrevistados pela DW observam que a estratégia política de Mondlane falhou. Por exemplo, Wilker Dias sugere um futuro incerto para o político e deputado da Assembleia da República.

"Eu acredito que Ossufo Momade vai fazer de tudo para afastar Venâncio Mondlane do poder e não ter nenhuma ameaça por perto, porque ele constitui uma ameaça para o atual líder da RENAMO", afirma Wilker Dias.

Analista moçambicano, Wilker Dias
Wilker Dias: "Ossufo Momade vai fazer de tudo para afastar Venâncio Mondlane do poder e não ter nenhuma ameaça por perto"Foto: Arcénio Sebastião/DW

Um "tiro no próprio pé"

O analista Hilário Chacate reconhece os méritos de Mondlane ao promover a democracia interna e pressionar pela realização do congresso da RENAMO, para a escolha do candidato à Presidência da República.

No entanto, depois de Mondlane montar trincheiras em público e submeter providências cautelares contra a direção do partido, o afastamento do político era previsível, comenta Hilário Chacate.

"Esta guerra que ele decidiu travar internamente prejudicou-o profundamente. Estas batalhas jurídicas que decidiu travar nos tribunais contra o próprio líder e contra os membros da RENAMO foram um tiro no seu próprio pé."

Futuro de Venâncio Mondlane em aberto

Os analistas sugerem que Mondlane possa buscar uma carreira política fora da RENAMO. Wilker Dias prevê dias difíceis para o político.

"Abrir uma nova frente política vai exigir de Venâncio Mondlane um esforço logístico muito grande. A nível de suporte e financiamento, poderá também ser complicado recomeçar, mas não é impossível."

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Hilário Chacate indica que restam apenas três opções para Mondlane: continuar na RENAMO "como um simples membro, completamente apagado e sem nenhuma expressão política"; sair da RENAMO e encabeçar a lista de partidos já existentes ou de uma coligação, e em terceiro lugar, "criar o seu partido, um cenário bastante difícil tendo em conta o [pouco] tempo que sobra para a submissão das candidaturas e a participação nas eleições [gerais] de 9 de outubro".

No partido RENAMO, Venâncio Mondlane não será o único afastado da corrida às presidenciais. Foram afastadas também as chances de uma possível candidatura de Manuel de Araújo, que, no passado, saiu do partido para se filiar ao MDM, voltando mais tarde à RENAMO.